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Horizonte da Cena

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Dilemas e tentativas para (re)criar Nelson

:: Por Soraya Belusi ::

O espetáculo Cama, Mesa e Banho foi criado como um exercício dos alunos da etapa final dos Cursos Livres do Galpão Cine Horto, sob orientação dos professores Camila Morena e Fábio Furtado e em parceria com o Núcleo de Pesquisa em Cenografia e Figurino. Concebida dentro desses parâmetros, a montagem traz todos os requisitos que um trabalho de formação pode proporcionar, como o contato com diversas técnicas de interpretação e de procedimentos criativos, a possibilidade de todos os alunos-atores de experimentação na cena, além do trabalho textual com o universo de um dos autores mais importantes da dramaturgia nacional.

Cena de "Cama, Mesa e Banho", que integra a programação do Feto 2014 (foto de Glenio Campregher)

Cena de “Cama, Mesa e Banho”, que integra a programação do Feto 2014 (foto de Glenio Campregher)

Todos esses ingredientes estão combinados em Cama, Mesa e Banho, atingindo maior ou menor mérito em sua. Três contos de Nelson Rodrigues servem de base para a dramaturgia do espetáculo: Casal de Três e Marido Sanguinário, ambos publicados em “A Vida Como Ela É”, e O Abismo. Destes, mantém-se os temas, situações, diálogos e reviravoltas. Mantém-se, ainda, certa atmosfera, principalmente no corte dos figurinos, da época a que tais relatos se referem no texto de Nelson, a Rio de Janeiro dos conservadores anos 50.

Nesta transposição para o palco, porém, a métrica da palavra escrita não cede lugar à naturalidade ou mesmo à artificialidade que pode ganhar a palavra em cena. O tom, ainda literário, formal em certa medida, tende a atrapalhar no ritmo, na condução do espetáculo, tornando-se, em alguns momentos, um obstáculo para o ator e também para o espectador. Ainda nesse sentido, a dramaturgia não se define – embora às vezes se insinue – como uma paródia crítica dos clichês de Nelson – como se dá em obras recentes de grupos como Magiluth, Viúva Porém Honesta, ou XIX, Nada Aconteceu, Tudo Acontece, Tudo Está Acontecendo –, o que talvez poderia gerar certa unidade na atuação.   

O que se faz presente na fala também reverbera no corpo dos atores. A busca por uma expressividade extracotidiana – cujo trabalho em sala de aula, segundo informações do grupo na internet, foi pautado na vivência de dinâmicas de Viewpoints, Mímica Corporal, Biomecânica, Dinâmicas de Movimento e Mímeses Corpórea – atinge resultados mais evidentes em alguns criadores mas, na relação de conjunto, se dá de maneira desigual nos corpos em cena, com alguns artistas conseguindo assimilar e retrabalhar as técnicas experimentadas mais que outros.

A dramaturgia costura as três narrativas criando outro plano ficcional, que as entremeia, nas quais seres com rostos tampados com máscaras brancas e utilizando luvas plásticas são vistos repetindo sequências de ações físicas – numa dimensão mais mítica ou inconsciente dos personagens que, nestes momentos, perdem suas identidades ao terem a face mascarada. Esse elemento aparece com extrema potência na cena inicial do espetáculo, mas, ao repetir-se sem agregar novos elementos à sua composição, torna-se apenas acessório de ligação entre as histórias rodrigueanas ou convenções usadas para a mudança de personagens.

Cama, Mesa e Banho, a despeito dessas pontuações, tem os ingredientes fundamentais de um trabalho nascido no âmbito da formação teatral, que agrega pesquisa, estudo e disponibilidade para experimentação por parte dos alunos que se colocam e se expõem também na posição de criadores da obra.

23/10/2014 0 COMMENT
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O Horizonte da Cena é um site de crítica de teatro criado em setembro de 2012 pelas críticas Luciana Romagnolli e Soraya Belusi, em Belo Horizonte. Atualmente, são editores Clóvis Domingos, Guilherme Diniz e Julia Guimarães. Também atuam como críticos Ana Luísa Santos, Diogo Horta, Felipe Cordeiro, Marcos Alexandre, Soraya Martins e Victor Guimarães. Julia Guimarães e Diogo Horta criaram, em 2020, o podcast do site. Saiba mais

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