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Entrevista – Magiluth joga com Nelson no Fringe

por Luciana Romagnolli

“Viúva, Porém Honesta”.

Três perguntas para Pedro Vilela, ator e diretor do grupo pernambucano Magiluth, que participa do Fringe com “Viúva, Porém Honesta“, de Nelson Rodrigues.

No ano passado, vocês experimentaram a realidade de condições da Mostra Contemporânea e de uma mostra organizada pela Cia. Brasileira no Fringe. Neste ano, voltam de modo independente ao Fringe. O que os traz de volta ao Fringe, de modo autônomo agora?
Ano passado tivemos duas experiências bastante interessantes. Encaramos inicialmente uma Mostra que possuía um determinado respaldo por ter tido uma curadoria da Cia Brasileira, um grupo muito referendado por artistas, críticos e jornalistas, e uma Mostra Oficial que talvez passe um pouco distante de uma grande qualificação estética, mas que em si carrega uma mídia muito forte. De alguma maneira, congregar estas duas mostras trouxe a possibilidade de mostrarmos uma parte do nosso repertório e a repercussão para o resto do ano foi boa. Voltar ao Fringe para nós ainda é uma incógnita, pois sabemos da dureza que é enfrentar esta mostra. Eu particularmente acompanho este festival há mais de dez anos, sempre dando atenção especial ao Fringe, em busca de um teatro “escondido” dos holofotes e ao mesmo tempo vejo a luta diária das companhias que o enfrentam, em busca de público, de espaço, de mídia. Resolvemos encarar porque não somos um grupo em busca do glamour que a mostra principal carrega, queremos sim a batalha diária. Estamos encarando o Fringe como um investimento para o trabalho que pode dar certo ou não. Apostamos muito no “Viúva”, achamos o resultado do espetáculo muito interessante. O que nos interessa particularmente nesta ida é a possibilidade de jornalista, críticos e curadores de todo o país verem o trabalho, mas também sabemos que nada disso pode acontecer.

Gostaria que me falasse da maneira como vocês se apropriam do “Viúva Porém Honesta”, do Nelson… Em que medida a reelaboram conforme a linguagem do grupo e um ponto de vista contemporâneo? Qual é o jogo proposto com esse texto?
Quando resolvemos encarar um Nelson Rodrigues, nos perguntamos inúmeras vezes qual o texto que poderia dialogar com a linguagem que o grupo desenvolve. Lógico que em determinado momento tivemos o desejo de trabalhar com os textos mais conhecidos, como o “Vestido de Noiva”, o “Álbum de Família”… Mas ao me deparar com o “Viúva”, percebi que nele o Nelson executava um grande exercício dramatúrgico. Sabemos que o “Viúva” é um dos textos mais frágeis do Nelson, até pelo contexto em que foi escrito. Em resposta às criticas sofrida pela estreia do “Perdoa-me por Me Traíres”, o Nelson escreveu e montou o espetáculo em apenas dois meses! Mas ali estão contidos temas que nos interessam. A maneira de achincalhar o país, de lidar com a instituições da família brasileira, o despudoramento que lida com a critica teatral brasileira, isso nos contagiou. A definição do Nelson para o texto quando o intitula ¨Uma farsa irresponsável¨ é um ponto referencial forte para quem quer acompanhar nossa montagem. Utilizamos cinco atores para dar conta dos 13 personagens que o texto possui. O jogo em si não possui nada de extraordinário, nem inventivo, estando baseado no fazer e desfazer. Acho que o que diferencia a montagem é que tiramos o Nelson um pouco do pedestal que andam colocando e trouxemos para dialogar com nossa linguagem, ou seja, para um olhar bastante específico que é de um grupo de pesquisa que reside em Recife e que investe num dialogo contemporâneo com seus espectadores. Gosto muito de uma declaração da filha do Nelson que viu a montagem e falou no Jornal do Commercio: “Ainda bem que está vindo uma jovem geração criativa e iconoclasta que sabe apropriar-se do texto de Nelson Rodrigues sem precisar deturpar suas ideias”. Acho que já nos damos por satisfeito.

“Viúva, Porém Honesta”.

Quais os pontos em comum ou paralelos possíveis deste novo espetáculo com “Aquilo que meu Olhar Guardou para Você”?

Quem vê o “Viúva”, costuma dizer que é um aglomerado de tudo que já fizemos, o que costumamos defender como “construção de uma linguagem”. E nossa linguagem é marcada pelo Jogo. Acho que talvez seja o maior ponto em comum com os outros trabalhos. Temos muito interesse pelo “aqui e agora” que só o teatro nos possibilita. Olhamos também com a atenção para os limites entre o ator e o personagem, e no Nelson isso se evidencia ainda mais, pois as construções, trocas, convenções estão todas expostas no palco para o público. Trazemos, com o “Viúva”, uma cena “precária”, sem rebuscamentos. Mas este é nosso exercício. Como a partir deste dado da precariedade podemos construir teatralidade. Como podemos contar um Nelson com elementos vindos da 25 de março. E, assim, abrimos espaço para uma cena onde tudo é possível. A diferença principal em relação ao “Aquilo” é o posicionamento que temos perante a obra para que o público se relacione. O “Aquilo” procura tratar com a poesia das pequenas coisas, enquanto que no Nelson usamos um olhar hiperbólico como o próprio autor foi.

01/04/2013 TAGS: Festival de Curitiba, Fringe, Magiluth, Recife 1 COMMENT
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